Esta partilha tem como principal objetivo registar e parilhar um longo processo de diagnóstico e reparação de uma pequena, mas muito impactante, infiltração.
No início de 2023 a FOCO-PS foi contratada para fazer o diagnóstico das patologias de um edifício "recente" em Matosinhos, aparentemente semelhante a tantos outros.
Havia, no entanto, uma prioridade para resolver - uma fração sob o terraço do último piso sofria de graves infiltrações de água há alguns anos e já várias equipas técnicas tinham tentado resolver o problema sem sucesso.
Mapeadas as suas manifestações, verificou-se que se localizavam sob as soleiras da fachada envidraçada do apartamento do último piso.



Com esta informação foi proposto a remoção parcial do deck e caixilharias, tratamento integral das soleiras e dobras das telas e remontagem de tudo.

Mas este trabalho deixaria o apartamento sem paredes durante vários dias, por isso, a pedido do condomínio, enveredou-se por uma estratégia de resolução pontual e menos intrusiva do problema...
A intervenção pontual
Foi feito um ensaio de carga ao terraço e não pingou, levando-nos a consolidar a tese inicial de que o problema viria de soleiras ou caixilharias.
Visto que não podíamos fazer o tratamento completo das soleiras, sugerimos uma simples selagem (sem comprometer as drenagens das caixilharias), mas na primeira chuva forte pingou novamente.

Então pedimos para se picar sob as soleiras das portas-janela e encontramos muita água no tijolo sob a soleira e sob as telas de impermeabilização contíguas, validando novamente a tese inicial de que a água estaria a entrar pelas soleiras / dobra das telas.

Após selar as dobras das telas com a tela líquida Textop e se ter colocado uma pingadeira sob as soleiras, restava tratar as juntas das pedras de soleira sob as caixilharias, o que apenas poderia ser feito removendo as caixilharias.

Após o tratamento possível das soleiras (ainda sem remover as caixilharias) foi feita uma proteção da própria janela (mais crítica), mas a água continuava a entrar em dias de forte precipitação, indiciando, desta vez, que o problema poderia (já) não estar nas soleiras.

Depois de tantos ensaios e tentativas de reparação pontual, o principal ponto de infiltração na fração lesada persistia, embora as restantes áreas que se encontravam alinhadas com a soleira do terraço já estivessem secas.
Foi finalmente agendada a intervenção mais intrusiva para o início do verão de 2024, começando por desmontar a caixilharia sobre a área onde persistia a infiltração e onde se tinha encontrado água sob a soleira.

Resultado
Após a obra começar, persistia a vontade de resolver o problema sem ter de remover tudo do terraço e todas as caixilharias e guardas metálicas, pelo que foram ainda feitos alguns ensaios de carga que ora davam infiltração (quando o deck estava montado), ora não davam (sem o deck).

Só após a completa impermeabilização do terraço central foi possível concluir que, durante este processo, existiu mais do que uma debilidade na impermeabilização e que, possivelmente, uma delas terá sido resolvida e outras delas poderão ter sido agravadas pelos trabalhos executados ou simplesmente não resolvidas.

Para além das debilidades ao nível das dobras das telas sob as soleiras das caixilharias e do limite do terraço, verificou-se ainda perfurações provocadas pelo peso do deck sobre as telas.
A água entrava por trás das dobras das telas mais recentes (com cerca de 8 anos) e infiltrava-se através de um corte que existia na tela original sob as soleiras das caixilharias.

Atualmente o terraço encontra-se impermeabilizado, com as soleiras tratadas e sem problemas de infiltração.

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